Chamada para Participações
A sobrevivência congregou os primeiros esforços da espécie humana, desde a sua origem até aos dias de hoje. Ao longo da história, sobretudo em épocas de escassez, esse impulso levou ao desenvolvimento de estratégias para calar a urgência de um estômago vazio. A busca do alimento tornou o homem engenhoso, fez dele um produtor de culturas materiais e imateriais: fabrico de utensílios, domínio do fogo, sedentarização, domesticação dos animais e das plantas, nascimento das cidades, armazenamento dos excedentes, trocas comerciais, invenção de formas de registar a informação e de preservar a memória, complexificação dos sistemas sociais e formalização de modos de coesão identitária, emergência da simbolização, do pensamento abstrato…
As culturas são formas de acomodação ao meio (natural e humano), cujo sucesso se mede na capacidade de indivíduos e comunidades se sustentarem e prosperarem. Contudo, em contextos de abundância, a função biológica primária dos alimentos tende a tornar-se praticamente “invisível”. Assegurada a quantidade e qualidade dos alimentos, garantes do bem-estar humano, alguns alimentos foram, ao longo da história, valorizados e diferenciados por razões diversas, como a facilidade de acesso, o valor nutritivo, a presença no consumo, o exotismo, a sua natureza saborosa, a representação simbólica, entre outras.
Os alimentos adquirem, assim, identidades culturais que os resgatam do silêncio de um uso puramente instrumental. A religião, a arte, a literatura e a gastronomia são dos principais domínios da cultura a aduzirem os alimentos a outros patamares de ressignificação. Não sendo um fenómeno exclusivo dos tempos atuais, o culto de determinados produtos e práticas alimentares ganha cada vez mais protagonismo nos universos da saúde, do turismo, da moda, da ecologia, da filosofia prática.
Nunca, como hoje, tantos alimentos, individualmente considerados, prometeram a salvação, a longevidade ou, pelo contrário, foram apresentados como nocivos para a humanidade. Em sociedades de abundância, ainda que distribuída desigualmente, assiste-se à crescente valorização do alimento, transformado em objeto de culto e de distinção social. Mas também se tem vindo a acentuar uma reflexão dirigida a novas formas de alimentação, ajustadas a recursos naturais e ambientais sustentáveis.
O 6º Colóquio DIAITA Luso-brasileiro de História e Culturas da Alimentação propõe para temas de reflexão debater o papel Das Culturas da Alimentação na construção da Cultura (tomada no seu sentido geral de produto do engenho humano) e analisar como se evoluiu para o protagonismo que, da Antiguidade aos dias de hoje, alguns alimentos adquiriram, dando origem Ao Culto dos Alimentos (em contexto religioso, ético, artístico, medicinal, gastronómico e turístico).
Os trabalhos a apresentar devem organizar-se em torno desses dois eixos de reflexão. A abordagem pode assentar em perspetivas de análise amplas, interdisciplinares e historicizadas ou privilegiar um tratamento verticalizado e/ou disciplinar das temáticas de seguida indicadas para cada um dos eixos temáticos apresentados:
Das Culturas da Alimentação...
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Alimentação e sobrevivência: comer para viver.
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Alimentação e trânsitos culturais: mobilidade de alimentos, de pessoas e de comunidades.
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Alimentação e património: identidades individuais e coletivas.
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Circuitos da alimentação: comer local, comer global, comer glocal.
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Alimentação e hierarquias sociais: comer para ser e honrar.
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Alimentação e meio ambiente: comer ecológico e sustentável.
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Paradoxos da alimentação contemporânea: prazer, estética, saúde e medicalização.
...Ao Culto dos Alimentos
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Alimentos do sagrado: alimentar a alma e o divino, alimentos tabus.
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Alimentos que salvam, alimentos que condenam: narrativas simbólicas e a busca do corpo perfeito.
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Novos limites do comestível: os alimentos não convencionais.
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Alimentos naturais: um constructo?
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Territórios da alimentação: turismo e sustentabilidade.
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Alimento-medicamento: super-alimentos, nutracêuticos e probióticos.
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Alimentos-fashion: as modas alimentares.
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A arte dos alimentos: a gastronomização do belo.
Submissão de propostas
1. Todas as propostas devem ser submetidas através do formulário de submissão.
2. As propostas serão avaliadas pelos membros da Comissão Organizadora e da Comissão Científica.
3. Resumo: O texto do resumo deve apresentar a estrutura da comunicação, dar a conhecer o problema de investigação, as metodologias usadas, os resultados obtidos, as conclusões e as implicações para a teoria e/ou prática e, se for caso disso, o contributo inovador do estudo para o estado da arte da questão. O resumo deverá ter a extensão máxima de 500 palavras e 5 palavras-chave.
4.Cada autor poderá submeter, no máximo, um trabalho de autoria única (apresentação de 20 min.) e um em co-autoria (apresentação de 40 min.), nos seguintes idiomas: PT, ES, FR, IT e EN;
Todas as propostas selecionadas para apresentação, após avaliação, devem ser acompanhadas de um suporte material (apresentação PPT, hand-out ou resumo estendido) escrito em um idioma diferente da apresentação oral. Exemplo: uma apresentação oral em PT deve ser acompanhada por um suporte escrito em ES, FR, IT ou EN para ser exibido ou entregue à assistência. A organização fornecerá suporte tecnológico para apresentações digitais (computador e datashow). Todos os materiais de papel devem ser impressos e suportados pelos autores.
5. O limite máximo para envio de propostas é o dia 10 de maio de 2019;
6. Os resultados da avaliação de propostas serão comunicados até ao dia 20 de junho de 2019;
7. Após a comunicação de resultados, os oradores selecionados deverão proceder ao pagamento de inscrição no Colóquio (não reembolsável):
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registo integral: 80 euros (doutorados) || 40 euros (não-doutorados)
(inclui materiais de divulgação, almoço no dia da apresentação, jantar de encerramento e certificado)
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registo parcial: 30 euros (doutorados e não-doutorados e exclusivamente aplicável a co-autores, sendo que um dos autores deverá proceder ao registo integral)
(inclui apenas materiais de divulgação e certificado)
Ficam isentos de pagamento de inscrição todos os investigadores associados ao projeto DIAITA
Os pagamentos devem ser feitos, preferencialmente, através de transferência bancária para:
APEC-Associação Portuguesa de Estudos Clássicos
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 3000-370 Coimbra - Portugal
Banco: Caixa Geral de Depósitos
NIB: 003502550021072963061
IBAN: PT50003502550021072963061 (Código do País: 50 ; Código da Agência: 0035)
BIC/SWIFT: CGDIPTPL
Descrição do Movimento: Inscrição 6CDLB
Envio de comprovativo de movimento a: cech.fluc@gmail.com
Chamada para comunicações
ENCERRADA