Chamada para Comunicações
Solo e clima constituem os elementos naturais indispensáveis à produção de bens alimentares. A natureza compõe-se também de formas de vida, de plantas e de animais, que servem de sustento. Este universo vital, que inclui a espécie humana, alimenta-se e é simultaneamente alimento, numa cadeia dinâmica de troca de recursos e de nutrientes, assente na diversidade e na interdependência proporcionadas pela natureza. A intervenção humana no meio ambiente transformou recursos espontâneos em bens alimentares domesticados, transformados e condicionados. Estes alimentos adquiriram o estatuto de comida e vão à mesa, mas continuam, em muitas circunstâncias, dependentes da escala natural: vão à mesa conforme o tipo de solos, os recursos hídricos, o clima, a estação do ano, a adaptabilidade das espécies. Nesse sentido, a natureza, mesmo domesticada, determina o que se come e ganha o estatuto de Senhora da Mesa.
Entender o fenómeno alimentar na sua complexidade impõe que se interprete, na relação entre natureza e comida, os fatores responsáveis pela superação do nível puramente biológico do ato alimentar e a sua conceção como fenómeno cultural. Gosto, preocupação com a saúde, sustentabilidade, representações sociais, económicas, políticas, valores religiosos, preocupações filosóficas, éticas e estéticas acerca do que se come tornam a mesa lugar de um escrutínio para que concorrem todos os fatores culturais mencionados. Ou seja, a mesa, como espaço de encenação de normas, representações e valores, adquire o papel de Mestra da natureza.
Os trabalhos a apresentar devem organizar-se em torno desses dois eixos de reflexão ou coloca-los em diálogo. A abordagem pode assentar em perspetivas de análise amplas, interdisciplinares e historicizadas ou privilegiar um tratamento verticalizado e/ou disciplinar das temáticas de seguida indicadas para cada um dos eixos temáticos acima identificados:
Da natureza, senhora da mesa...
a) Mesas naturais: do horto generoso à escassez do deserto
b) Mesas sazonais e seus limites
c) Mesas indigestas e indigeríveis: o que serve e o que não serve para comer
d) Mesas alógenas: alimentar-se na natureza dos outros
e) Mesas sustentáveis e mesas insustentáveis: os limites da natureza
... à mesa, mestra da natureza
a) Mesas saudáveis: modelos dietéticos
b) Mesas coletivas: modelos culturais de comensalidade
c) Mesas selecionadas: as escolhas alimentares
d) Mesas transformadas: técnicas de transformação alimentar
e) Mesas artísticas: os alimentos na arte (literatura, pintura, cinema, artes efémeras)
Submissão de propostas
Submissão de propostas: até 30 de junho
Notificação de aceitação: 15 de julho
Programa: 30 de julho
Aceitam-se comunicações em PT, EN, ES e FR.
Cada comunicação selecionada terá a duração máxima de 20 minutos.
Taxas de inscrições
1. Apresentação de comunicação
Oradores e coautores*
Inscrição para doutorados: 60€
Inscrição para não-doutorados: 20€
Coautores não-participantes do evento: 10€ (caso desejem certificado)
*Consideram-se coautores os oradores de comunicações partilhadas. A mesma pessoa não pode ser (co)autor de mais do que uma proposta.
2. Assistência (com direito a certificado de participação e acesso aos momentos de convívio do evento): 10€
3. Isenção de pagamento de taxas inscrição:
- oradores membros das insituições organizadoras
- estudantes do doutoramento em Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades (FLUC)
- estudantes do mestrado em Alimentação: Fontes, Cultura e Sociedade (FLUC)
- estudantes da licenciatura em Gastronomia (IPC/EHTC)
Informação sobre formas de pagamento será anunciada oportunamente