A linha de Mito e (Re)escrita do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, em cooperação com o Centro de Literatura Portuguesa m a Biblioteca Geral da mesma Universidade, com o Departamento de Estudos Latinos da Universidade de Granada e o Departamento de Estudos Gregos da Universidade de Valência, propõe-se dar continuidade a um projecto já com larga tradição: a recepção dos mitos da Antiguidade Greco-Latina e a sua reinterpretação e readaptação ao longo dos séculos.

Depois de outras iniciativas dedicadas a diferentes figuras do mito, cabe agora a Antígona, a sempre desafiadora e simbólica filha de Édipo, centrar as atenções e análises de especialistas e estudiosos. Para os múltiplos tratamentos de que Antígona foi objecto ao longo dos séculos, sob diversas formas literárias e artísticas, e da particular incidência que este mito teve em tempos de ebulição política e social, se procurará obter contributos, que eventualmente venham inventariar e justificar novas recriações da lenda tebana.

O contexto internacional, que as colaborações dentro deste colóquio asseguram, servirá para enquadrar os tratamentos de que, na literatura dramática portuguesa do séc. XX, este mito foi tema e que, dada a organização da parte portuguesa, estarão naturalmente em destaque. Num momento em que o país se prepara para comemorar os 40 anos da Revolução de Abril, parece como nunca oportuno regressar ao estudo de um texto que, em anos tensos da ditadura salazarista, serviu de ‘senha’ para a expressão de um certo espírito de contestação: aquele que a filha de Édipo, como voz solitária, exprimiu na velha Tebas contra a tirania de Creonte.

Da diversidade dos oradores e da sua origem dispersa por diferentes países e línguas, irá certamente resultar um levantamento, atraente pela sua multiplicidade e novidade, que poderá ser um testemunho inovador da vitalidade e flexibilidade semiótica deste mito.