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21. O QUE É A FELICIDADE? DA EUDAIMONIA AO WELLNESS

Panel Convenors

Maria José Ferreira Lopes (Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa) [mlopes@braga.ucp.pt]

João Carlos Onofre Pinto (Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa) [jcopsj@braga.ucp.pt]

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[EN] Closed Panel - No Call for Papers

[PT] Painel Completo - Sem Call for Papers

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Um dos maiores contributos da Antiguidade Clássica é a reflexão sobre a Felicidade. Os termos eutychia, eudaimonia e makaria, entre outros, veicularam as suas diversas aceções e abriram as portas a notórios desenvolvimentos, ao articularem-se de diferentes modos com as noções de Bem (agathon), Finalidade (telos), Prazer (hedone), Excelência (arete), Boa Fama (eudoxia) ou Bem-estar (euporia).

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No mundo de Homero, a Felicidade só estava ao alcance dos imortais, enquanto os humanos lutavam por ultrapassar o seu quinhão de infelicidade obscura, através de feitos valorosos. Essa busca da imortalidade – quer pela fama, quer pela divinização – assinala o início do questionamento sobre a Felicidade, mostrando que é a literatura, para mais oral, que primeiro consegue transmitir a essência do humano. A literatura, sobretudo através da Tragédia, continuará a ser o palco da perplexidade humana, gradualmente informada pela crescente afirmação da Filosofia.

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É precisamente na Filosofia que, a partir de Sócrates – contemporâneo de Eurípides –, a Felicidade passa a ser um tema central na reflexão sobre o ser humano. Platão, Aristóteles, Estoicos, Epicuristas e Plotino são referências incontornáveis no que à reflexão sobre a Felicidade diz respeito. A intensa variedade de perspetivas entre estes pensadores marcará o previsível debate das épocas posteriores, na verdade sempre em diálogo com a Antiguidade Clássica. São prova disso, desde logo, as contribuições de nomes maiores do Cristianismo, especialmente Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Também a Modernidade trará novos e importantes pensadores da Felicidade, como Jeremy Bentham e John Stuart Mill. Ainda no período pós-Revolução Francesa, são de referenciar autores como Hegel, Shopenhauer ou Kierkegaard, que puseram em evidência a tragicidade da vida humana. Mais perto de nós, autores como Heidegger, que resgata a noção clássica de Eudaimonia, mostram a atualidade e fecundidade da Antiguidade Clássica.

 

Por outro lado, a afirmação da Psicologia como ciência veio abrir novas perspectivas de investigação e teorização da Felicidade, voltadas sobretudo para a subjetividade. A elas se agregaram, nas décadas recentes, ideias conducentes à associação da Felicidade a estilos de vida individuais, expressando-se através de conceitos como «bem-estar psicológico», «felicidade autêntica» e «perceção da qualidade de vida». No entanto, algumas tendências defendem que a verdadeira «qualidade de vida» pode ser alcançada recuperando e promovendo o fundamento relacional da pessoa e reinvestindo no valor da comunidade como lugar de crescimento e de diferenciação do eu – sublinhando assim, de novo, a dimensão ética do agir humano (Godbout).

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Também a Literatura Contemporânea continua a dar voz às inquietações humanas, e revisita com um simbolismo renovado – patente, por exemplo, no absurdo camusiano – o manancial mítico, filosófico e histórico da Antiguidade Clássica.

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A relativa nebulosa gerada pelas atuais discussões entre posições mais objetivistas e mais subjetivistas – e a inescapável mercantilização da felicidade – sugerem a pertinência de uma nova visita às fontes da Antiguidade Clássica para clarificar e reenquadrar conceitos.

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Na sequência desta reflexão, pareceu-nos enriquecedor organizar um painel multidisciplinar que abranja pelo menos algumas das múltiplas vertentes deste tema – da Filosofia, Literatura e História, ao Marketing e Publicidade, passando pela Psicologia e Pedagogia –, de forma a indagar em que medida as aparentes novidades do presente devem à experiência do passado: só analisando o legado do passado se consegue compreender o presente e perspetivar o futuro.

A coordenar este projeto estarão Maria José Ferreira Lopes e João Carlos Onofre Pinto, docentes e investigadores do Centro de Estudos Filosófico-Humanísticos (CEFH) da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

 

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